quinta-feira, 13 de setembro de 2012

... o caminho da serpente...

Estou ajudando um amigo a editar um livro interessantíssimo: um resumo da Síntese da Doutrina Secreta de Madame Blavatsky. Em uma única noite eu consegui ter tantas revelações que me senti como se tivesse comido do fruto da Árvore do Conhecimento. E eu só dei uma mordida na maçã! 

O que simboliza a serpente?
A serpente foi sempre o símbolo da renovação sucessiva ou periódica, da Imortalidade e do Tempo.

No que constitui o símbolo da serpente e da árvore?
No início, quando a união dos dois constituía um símbolo do Ser Imortal, a árvore e a serpente, eram, portanto, imagens verdadeiramente divinas. A Árvore estava invertida, e suas raízes nasciam do céu. Brotando da raiz do Ser Integral. Seu tronco cresceu e desenvolveu-se, atravessando os planos do Pleroma, projetou transversalmente seus ramos exuberantes, primeiro no plano da matéria quase não-diferenciada, e depois no sentido de baixo, até chegar na largura terrestre. Esta é a razão porque se diz que a Árvore da Vida e da Existência, Ashvattha, no Bhagavad Gitta, sem cuja destruição não é possível a imortalidade, cresce com suas raízes para cima e seus ramos para baixo. As raízes representam o Supremo Ser ou a Causa Primeira, mas é preciso ir além dessas raízes para realizar a união com Krishna. Seus ramos principais são Hiranuagarbha (Brahma, em suas manifestações mais elevadas, Sridhara, Swamin e Madhusudhana), os mais altos Dhyan Chohans e Devas. Os Vedas são as suas folhas. Só aquele que for além de suas raízes não voltará mais, isto é, não reencarnará durante esta Idade de Brahma

Juro que estou fazendo tudo para não reencarnar mais. Pratico diariamente o desapego, a bondade e a paciência... Portanto, busco sempre qual o melhor caminho...  

Podemos cruzar as informações de Blavatsky com as de outras sabedorias. O exoterista francês Papus diz que sempre que estudamos algo no ocultismo devemos jogar as nossas próprias luzes sobre o objeto de estudo. Devemos dar a nossa própria interpretação ao que lemos e vemos. Pois bem, já que há mais de 20 anos estudo Cabala, Astrologia, Alquimia, hermetismo, ocultismo e tantas outras coisas, posso fazer aqui um cruzamento de ideias de diferentes fontes. A serpente é um símbolo poderosíssimo, tão forte que além de ornamentar as cabeças dos faraós egípcios, figura o caduceu de mercúrio, símbolo ligado as trocas comerciais, e o bordão de Esculápio, símbolo da Medicina e da cura. Entre as populações indígenas da América, a serpente é o símbolo do xamanismo e representa e confunde-se com os rios. O dragão chinês também é uma variação da serpente, lembrando que estamos no ano chinês da "serpente de água", ano auspicioso. No judaísmo a serpente é considerada a sedutora Lilith, primeira mulher de Adão que rebelou-se e não aceitou a submissão (uma história bem longa que contarei outra hora). Ela teria seduzido Eva a comer da Árvore do Bem e do Mal (só o conhecimento pode mostrar o que é o bem e o que é o mal). Ao comer a maçã, Eva e Adão tornaram-se conscientes, obtiveram a "ciência", mas o preço foi a queda (a segunda queda divina, antes já haviam caído os anjos, outra história a ser contada). Reza a lenda que tanto os anjos, quanto os homens almejam retornar ao seu estado primevo. O homem ao seu estado de Adão Kadmon (o Adão antes da queda), e os anjos ao seu estado luciférico (de luz). Só que o caminho de volta é o mesmo: a serpente. Os orientais apontam que esse caminho acontece pela Kundalini (uma energia cósmica adormecida na base da coluna, um fogo congelado que pode ser despertado pela meditação, pela prática correta da sexualidade e pelo amor). Minha humilde conclusão é que se a serpente causou a queda, somente ela pode nos mostrar o caminho de volta... para onde todos queremos voltar: o Éden, o céu, o Nirvana... e o preço é o desapego, abrir mão de todo o conhecimento adquirido... possuir a ciência e desapega-se dela...

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