terça-feira, 30 de abril de 2013

pés no chão...

Oh! minha alma...
O que é mais sublime ao ser:
a leveza das asas ou o prazer dos pés no chão?

domingo, 28 de abril de 2013

leve memória...

"Quando a memória transformada em ave
Pousar sobre meu peito a sua leveza."
(Hilda Hilst)

sábado, 27 de abril de 2013

... sábia mente...

lembra o tempo 
que você sentia
e sentir 
era a forma mais sábia
de saber 
e você nem sabia?
(Alice Ruiz)

... com templo...


dança da solidão...

Quando vem a madrugada
Meu pensamento vagueia
Corro os dedos na viola
Contemplando a lua cheia...

Apesar de tudo existe
Uma fonte de água pura
Quem beber daquela água
Não terá mais amargura
Oh!...

Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão
Viu!
(M.M.)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Benjamin dando sentido às histórias...

Numa entrevista para o The Comics Journal de janeiro de 1993, Neil Gaiman responde porque os escritores ingleses renovaram os quadrinhos do mainstream americano. Ele argumenta que os roteiristas americanos cresceram lendo quadrinhos, e que isso já acontecia a algumas gerações. Os ingleses cresceram com literatura europeia canônica. A invasão bretã trouxe o frescor da tradição literária e mudou definitivamente o gênero.
De Homero á tradição oral judaica, dos Evangelhos a Kafka e Asimov, contar e recontar histórias é parte essencial da experiência humana. Para Walter Benjamin (um dos mais importantes intelectuais da primeira metade do século XX), olhar os fragmentos da história e juntá-los anarquicamente nos permite ver o que estava oculto. Só o presente  é capaz de despertar significados adormecidos.

Em SANDMAN 22 (parte do arco Estação das Brumas), Lúcifer decide expulsar todos os demônios e as almas do inferno. Fecha todas as passagens e entrega ao senhor dos sonhos a chave da única porta que resta.
Antes da sua segunda queda, Lúcifer Estrela da Manhã pede para que Morpheus corte suas asas. Em seguida ele aparece numa praia na Austrália onde tem uma conversa com um Jó moderno.
De posse da chave, o senhor dos sonhos passa a ser o responsável pelo inferno e por decidir quem deve ficar com esse território. Vários representantes de religiões antigas aparecem para presentear Morpheus em troca da chave, enquanto Remiel e Duma, dois anjos do paraíso, observam tudo.
No fim os dois anjos são escolhidos por Deus para serem os novos administradores do inferno, mas para isso tem que “cair”, não podem nunca mais voltar ao paraíso. É o fim do bem contra o mal. A administração do inferno passa a ser oficialmente feita pelo paraíso, e a punição passa a ter uma função educativa.

Essa mudança política que faz com que o inferno deixe de ser um território livre, e passe a ser um campo de correção. Essa mediação feita na terra do sonho. O desejo secreto de Lúcifer de arruinar Morpheus ao entregar-lhe a chave do inferno. Isso é literatura de alta qualidade, isso olha pra trás e recria o passado, como só o presente pode fazer.
Walter Benjamin também usa a imagem de um anjo numa analogia a marcha do progresso. Diz ele que o anjo da história tem o rosto dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu.
O anjo de Benjamin vive o presente, entre o passado que ele não pode mudar, e o futuro que ele não vê. O progresso o impele sempre pra frente, e mesmo que ele não saiba pra onde esta indo, o que o guia são as ruínas que se amontoam na sua frente. Essa é também a trajetória de Morpheus que é  o senhor do reino do sonhar.  Benjamin diz – “Uma época sonha a seguinte, e ao sonhá-la, força-a a despertar”.

Todo SANDMAN é permeado por referencias históricas, filosóficas, literárias. As camadas são muitas e só a leitura e releitura podem desvendar. Por isso é um cânone moderno. Poucas obras literárias tem esse grau de complexidade  e essa capacidade de nos atingir em vários níveis.

In.: http://quadrinheiros.wordpress.com/2012/06/20/walter-benjamin-e-os-anjos-de-neil-gaiman/

quarta-feira, 24 de abril de 2013

nudez...

"Eu te recebo de pés descalços: esta é minha humildade e esta nudez de pés é a minha ousadia." 
(Clarice Lispector)

terça-feira, 23 de abril de 2013

a rosa e o livro...

... o dia do livro é também dia de São Jorge, protetor dos escritores e editores...

sábado, 20 de abril de 2013

...sopra-me!

O desejo é Deus mesmo,
sua expressão manifesta.

Somos todos filhos do desejo,
dessa imensa vacuidade
que gera o ímpeto,
o movimento interno
que externamente
se apresenta como forma,
o sopro encarnado.

Sim, Deus é alento, 
está em tudo, a tudo liga
e a tudo preenche...

Meu desejo, ó Deus,
é não desejar mais que o ar
que respiro... 

O Sol, vem e vai, 
a Lua, sempre muda...

Sobra-me o vento
para dizer-me os segredos...
Sopra-me...
E eu voarei até ti...
E provarei o desejo puro
E gestarei sua semente em mim...

  in: http://thaismarino.blogspot.com.br/
 http://inquebrantavelextase.blogspot.com.br

quarta-feira, 17 de abril de 2013

leão-rei...

"Sonhei que te cavalgava, leão-rei.
Em ouro e escarlate
Te conduzia pela eternidade
À minha casa."
(Hilda)

terça-feira, 16 de abril de 2013

fogo de amar...

amar
o que me traz:
fogo de guerra
em tempos de paz?
(c. moreira)

segunda-feira, 15 de abril de 2013

I used to glow...


a insustentável leveza do não ser...

Se o tempo sempre tem razão
E tudo sempre vai mudar
Pra que manter os pés no chão
Se todo mundo quer voar?
(Marjorie Estiano)

sexta-feira, 12 de abril de 2013

... Sometimes I feel so happy, sometimes I feel so sad...


... do tamanho dos meus sonhos...

Porque eu sou do tamanho do que vejo 
E não da minha altura...
E o que vejo são meus sonhos.
(Alberto Caeiro)

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Era uma vez...

Era uma vez (*)
Respondi que gostaria mesmo era de poder um dia afinal escrever uma história que começasse assim: "era uma vez...". Para crianças? perguntaram. Não, para adultos mesmo, respondi já distraída, ocupada em me lembrar de minhas primeiras histórias aos sete anos, todas começando com "era uma vez"; eu as enviava para a página infantil das quintas-feiras do jornal de Recife, e nenhuma, mas nenhuma, foi jamais publicada. E era fácil de ver por quê. Nenhuma contava propriamente uma história com os fatos necessários a uma história. Eu lia as que eles publicavam, e todas relatavam um acontecimento. Mas se eles eram teimosos, eu também.
Mas desde então eu havia mudado tanto, quem sabe eu agora já estava pronta para o verdadeiro "era uma vez". Perguntei-me em seguida: e por que não começo? agora mesmo? Seria simples, senti eu.
E comecei. Ao ter escrito a primeira frase, vi imediatamente que ainda me era impossível. Eu havia escrito:
"Era uma vez um pássaro, meu Deus".

Clarice Lispector (1920 - 1977), a voz feminina mais intensa e triste da literatura brasileira, transitava com a mesma beleza e melancolia pela literatura acessível ao leitor infantojuvenil: O mistério do coelho pensante (1967), A mulher que matou os peixes (1968), A vida íntima de Laura (1974), Quase de verdade (1978), Como nasceram as estrelas (1987) e ou adulto: Perto do Coração Selvagem (1943), O Lustre (1946), A Cidade Sitiada (1949), Alguns contos (1952), Laços de família (1960), A Maçã no Escuro (1961), A Paixão segundo G.H. (1964), A legião estrangeira (1964), Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres (1969), Felicidade clandestina (1971), Água Viva (1973), A imitação da rosa (1973), A via crucis do corpo (1974), Onde estivestes de noite? (1974), A hora da estrela (1977), Um Sopro de Vida - Pulsações (1978), A bela e a fera (1979).
(*) in Para não esquecer - 5ª ed. - Siciliano - São Paulo, 1992.

Retirado do blog de Joba Tridente
in.:  http://falasaoacaso.blogspot.com.br/2013/04/clarice-lispector-era-uma-vez.html
 


terça-feira, 9 de abril de 2013

... tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas...

"Durante séculos e séculos a minha civilização contemplou Deus através dos homens. O homem era criado à imagem de Deus. Respeitava-se Deus no homem. Esse reflexo de Deus conferia uma dignidade inalienável ao homem. (...) As relações do homem com Deus serviam de fundamento evidente aos deveres de cada um consigo próprio ou para com os outros".
(Antoine de Saint-Exupéry)

segunda-feira, 8 de abril de 2013

a lenda da serpente...

A serpente (outra lenda)

Zeca Baleiro

céu azul rio anil
dorme a serpente
levanta miss serpente
põe tua lente de contato
mira dos mirantes
os piratas não param de chegar
vem vem ver como é que é
vem sacudir a ilha grande
vem dançar vem dançar
Alhadef te espera na casa de nagô

eu quero ver
eu quero ver a serpente acordar
eu quero ver
eu quero ver a serpente acordar
pra nunca mais a cidade dormir
pra nunca mais a cidade dormir

acorda mademoiselle serpente
desfila na rua da inveja dessa gente
vem que o touro encantado
já te espera acordado
ouve o coro do meu batalhão pesado

acorda milady
vem ver são joão
vem cá vem dançar
com teu cazumbá
desperta do sono
derrama veneno
faz tua fuzarca
o teu carnaval
Alhadef te espera na casa de nagô

domingo, 7 de abril de 2013

... que alegre o meu viver

Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó prá mim do meu jeito assim
Que alegre o meu viver...
(Dominguinhos)

sábado, 6 de abril de 2013

... a natureza e os anjos

fogo, terra, água e ar... éter

quinta-feira, 4 de abril de 2013