segunda-feira, 30 de setembro de 2013

... ela cantava, somente cantava...

Se o teu canto é bonito,
Cuida que não seja um grito.
(H.H. - Bufólicas, 1992)

sábado, 28 de setembro de 2013

Ói, lá vem Deus, deslizando no céu entre brumas de mil megatons...


Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais
Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar
Vê, é o sinal, é o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões
Ói, lá vem Deus, deslizando no céu entre brumas de mil megatons...

... das coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão...

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
 (Drummond)

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

(se cada dia cai...)


Se cada dia cai
dentro da noite,
há um poço
onde a claridade está presa.

Há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência...
Pablo Neruda

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Hilda Hilst: a poeta que não sabia amar...


horizontes...

Não vejo paredes
Só horizontes...

para inspirar o tempo...

DA PERFEIÇÃO DA VIDA

Por que prender a vida em conceitos e normas?
O Belo e o Feio.., o Bom e o Mau... Dor e Prazer...
Tudo, afinal, são formas
E não degraus do Ser!

Mario Quintana - O Aprendiz de Feiticeiro

terça-feira, 24 de setembro de 2013

nerudamente...

Si nada nos salva de la muerte,
ao menos que el amor
nos salve de la vida
(Pablo Neruda)

domingo, 22 de setembro de 2013

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

a alegria da chuva...

"A alegria da chuva a cantar nas vidraças
sob as vaias do vento...
Enquanto
– desafiando o vento, a chuva, desafiando tudo –
no meio da praça a menininha canta
a alegria da vida
a alegria da vida!"
Mario Quintana...
 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

domingo, 15 de setembro de 2013

pena cantada...

Pus-me a cantar minha pena
Com uma palavra tão doce
De maneira tão serena
Que até Deus pensou
Que fosse felicidade e não pena
Cecília Meireles 

raios de sol no céu da cidade...


sábado, 14 de setembro de 2013

...nem curta, nem longa...

Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura, enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Cora Coralina

porque é preciso renascer...

“A suave chuva de primavera permeia o solo de minha alma: 
a semente, há muito tempo enterrada na terra, apenas sorri.”
Thich Nhat Nhan- budismo

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

a roda da existência...

E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse:

"Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez, e tu com ela, poeirinha da poeira!".

Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias:

"Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"
Eterno retorno - Friedrich Nietzsche

fluida mente...

"Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio."
Heráclito

libros libres...

- Toma mi mano.
-? A dónde vamos?
- A ser felices.
- Oh Dios!!! ? A qué librería vamos?

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

erótica é a alma...

... e quando ela deixou de ser linda ficou maravilhosa 
(Alice Ruiz)
 
"Infelizmente iremos todos envelhecer. As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar. A imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos. A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos.
Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história. Que usa a espontaneidade pra ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos. Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios; erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo. Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores."
("Erótica é a alma", Fabíola Simões)

reflexões mafaldinas...


terça-feira, 10 de setembro de 2013

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A epifania repentina da arara


Na cosmologia dos índios Arara, a arara é o "anjo" que conduz os que caíram em seu retorno aos céus.

domingo, 8 de setembro de 2013

Nocte...

Ah! Como amam os meus pés a carícia
da grama dos campos escarpados!
Como amo mergulhar no Oceano Infinito do Cosmo
e dele extrair pérolas de estrelas!
Quantas foram as horas sem fim em que
eu passei sem dormir e a contemplar as estrelas divinas?
Já não me lembro mais.

Porque perdia-me de mim mesmo e ficava
em uníssono com minhas irmãs maiores.
Eu as amo, Nocte, eu as amo com todo o meu Ser.
Porque meu Ser é o mesmo que o Ser delas.
Eu também sou uma Estrela.
A única diferença entre eu e elas é que
eu decaí e meu brilho divino encontra-se
encoberto pela casca de carne que me reveste.

Elas continuam a brilhar, felizes no firmamento,
mas não têm consciência de sua própria divindade.
Essa é a nossa diferença: consciência.
Cá estou, decaído, mas amando minha pátria Celeste,
com os pés no chão e a cabeça nos Céus.
Elas lá em cima, radiando, com seus olhos de luz voltados para nós.

Awmergin, o Bardo

inspirar os querubins...

razão do meu viver...

... o sorriso da lua

Hoje a lua não está sozinha no céu...
ela tem o espelho de Vênus...
Lua melindrosa
aquela pinta safada
no canto esquerdo da boca
(caio m.)

mistérios da luz...


sábado, 7 de setembro de 2013

jardim sem flor...

jardim sem flor
entre as páginas do livro
a rosa e sua cor
Alice Ruiz

... a voz do silêncio...



Aceita, pois, tanto quanto o mérito te reserva, ó de coração paciente. Anima-te e contenta-te com a sorte. Tal é o teu Carma, o Carma do ciclo dos teus nascimentos, o destino daqueles que, na sua dor e tristeza, nascem a ti ligados, riem e choram de vida a vida, presos às tuas ações anteriores.
Age tu por eles hoje, e eles agirão por ti amanhã.
É do botão da renúncia da sua própria personalidade que nasce o fruto doce da libertação final.
Condenado a perecer é aquele que por medo de Mara deixa de auxiliar os homens, receando agir em proveito próprio. O peregrino que quer refrescar os seus membros lassos em águas correntes, mas não mergulha por medo à corrente, arrisca-se a morrer de calor. A inação baseada no medo egoísta não pode dar senão mau fruto.
O devoto egoísta vive inutilmente. Vive em vão o homem que não realiza na vida a obra para que nasceu.
Segue a roda da vida; segue a roda do dever para com a tua raça e os do teu sangue, para com o amigo e o inimigo, e fecha a tua mente tanto aos prazeres como à dor. Esgota a lei da retribuição cármica. Adquire siddhis para o teu nascimento futuro.
Se não podes ser o sol, sê então o humilde planeta. Sim, se te é impossível brilhar como o sol do meio-dia sobre o monte nevado da pureza eterna, então escolhe, ó neófito, uma carreira mais humilde.
(Fragmento de A Voz do Silêncio - Mestra Helena Blavatsky)

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

para esquecer o futuro...

... eu sei tantas mágicas,
mas não sei aquela que faz voltar no tempo...
se soubesse,
quanta coisa eu não seria...
por ironia do cosmos,
sou historiadora,
trabalho com a ciência da memória, com o passado,
o tempo...
dou voz aos mortos,

não sei se para lembrar
ou para esquecer...

o céu chamou...


“No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar...(...) As asas que Deus lhe deu... Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar...”
(GUIMARAENS, Alphonsus de. Poemas. 2 ed. São Paulo: Global, 1993. p. 101.)

“E o mar chamou-a para o fundo abismo! E o céu chamou-a para o Misticismo."
(ANJOS, Augusto dos. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 436.)

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

não ser...

sombras
derrubam
sombras
quando a treva
está madura

sombras
o vento leva
sombra
nenhuma
dura
Leminski

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

sombria mente...

há poesia nas trevas...

... baudelaireanamente...

A Fonte de Sangue
Charles Baudelaire

Tenho a impressão de que meu sangue em onda escorre,
Rítmico soluçar de nascente que morre.
Ouço-o bem a escorrer num murmúrio de vaga,
Mas eu tateio em vão à procura da chaga.
Através da cidade, e pelas estacadas,
Faz as ilhas nascer por todas as calçadas,
Desalterando a sede a cada criatura
O seu fluxo que sempre o universo púrpura.
Muitas vezes pedi a vinhos de prazer
Adormecerem só um dia o horror que mina;
O vinho aguça o olhar e torna a audição fina!
Eu procurei no amor um sono de esquecer;
E é-me somente o amor um colchão de punhais
Em que eu dou de beber às amadas fatais!

a sensível mente Thaís dos mares...


... uma aprendizagem...

A vida inteira tomara cuidado em não ser grande dentro de si para não ter dor.

(Clarice Lispector - Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres)

terça-feira, 3 de setembro de 2013

alma peregrina...

quando a alma entende seu dharma
o caminho fica mais leve...
...

essa vida é uma viagem
pena eu estar só de passagem
(Leminski)

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

querubins...

cantava essa música para o meu filho dormir, quando bebê...

dói longe, dói perto...

 luto por mim mesmo
(Paulo Leminski)

a luz se põe
em cada átomo do universo
noite absoluta
desse mal a gente adoece
como se cada átomo doesse
como se fosse esta a última luta

o estilo desta dor
é clássico
dói nos lugares certos
sem deixar rastos
dói longe dói perto
sem deixar restos
dói nos himalaias, nos interstícios
e nos países baixos

uma dor que goza
como se doer fosse poesia
já que tudo mais é prosa

o sopro do poeta...

completa a obra 
o vento sopra
e o tempo sobra
(Leminski)

domingo, 1 de setembro de 2013

além do sonho...

... um dia é preciso parar de sonhar e, de algum modo, partir...
Amyr Klink

poesia em formas e cores...

Basquiat

memórias...

ecos do passado...