Sempre
busco novos amores, pois o amor é o que dá sentido à vida. Significa que estou
sempre enamorada de algum escritor, poeta ou poetisa. Alguns estão vivos e
muitos já morreram. Não sei se gosto mais do sentimento do poeta ou da palavra escrita.
Acho que, talvez, uma coisa não exista sem outra. Confesso que facilmente me
encanto com uma rima singela, pois gosto da simplicidade de espírito e da
pureza das palavras. E é certo que, por vezes, pequenos versos funcionam para
mim como afrodisíacos. Eles nem precisam ser ditos pelo poeta que os escreveu,
podem ser palavras emprestadas, não importa, pois entendo que a poesia não é a
palavra em si, e sim o sentimento que ela tenta expressar. Recentemente, venho
lendo muita coisa do Mário Quintana, o anjo poeta. E eu, que não posso ver uma
asa, nem sabia que ele assim era chamado. Vi algumas entrevistas, li algumas
coisas, muitos pensamentos e poesias e, tão logo me dei conta, estava eu a
admirá-lo. Ele realmente parecia um anjo. Mesmo já velhinho, como na foto,
conservou uma aura alegre, leve, serena, um semblante de quem teve entusiasmo por cada
segundo de vida. O que não significa dizer que ele não tenha tido seus momentos
melancólicos, todo poeta tem. Ele mesmo disse que “a melancolia é uma maneira
romântica de se ficar triste”. Em cada palavra que leio de sua vida e obra reconheço
nele a essência da natureza do que são feitos os seres angelicais... e sim...
me amarro numa pena que escreva um poema...
Canção do dia de sempre
Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
(Mario Quintana)
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