sábado, 31 de agosto de 2013

... fulô de fogo

Fulô de Fogo
(Thaís Marino)

Ai, fulô de fogo
que não cansa,
que alcança
a altura do Sol,
a aguda caminhadura
em direção
ao céu, azul-terrestre
que me amanhece
em pomo...

Ah, fulô de fogo,
que desespero
é esse, que assombro,
tapete amarelo
que se tece de amor em mel...

Fulozinha de meu peito,
e o amor não tem jeito,
ele se dá... E em cacho...

É derramar-se em ardor,
é o derradeiro abraço -
quando eu me flor
não me chore nem me queira
de outra forma
que não aquela
de nossa primeira primavera,
quando ainda estávamos
debaixo da terra
sem conhecer um ao outro
a não ser desejando
um outro caminho,
menos duro, ou então,
nascer da madeira, do bruto,
preciosa e leve veste
que enternece até o
coração mais duro...
Por dentro da dor,
do ombro cansado,
do pesado fardo que carregamos
por tantos anos,
por dentro da carne
encouraçada, da casca,
a viva seiva escorre
e do seu caule
e do seu torso
e do seu rosto
e de tudo - eu
mostro-me, entendo-me,
ó desespero em flor
que é céu e ventre,
fulô de fogo
que nos aplaca a sede,
ó cálice transbordante
transcendente...

Eu te quero
como florada,
ardente e puro,
pra sempre único,
eterno e fulgáz,
flor de fogo
que me leva e traz
de outros mundos
para outros mundos...

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Basquiat é Chagall...

acima de nós pairam outras presenças...

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

... um dia enfim descolorirei...

... e o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
e depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
de uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá....
(Vinícius e Toquinho)

domingo, 25 de agosto de 2013

... tempo

Bom tempo (1968)
(Chico Buarque)

Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Quem vem aí bom tempo
O pescador me confirmou
Que o passarinho lhe cantou
Quem vem aí bom tempo.

sábado, 24 de agosto de 2013

terça-feira, 20 de agosto de 2013

somente...

A tua mente,
atualmente,
atua ou mente?

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

... e agora Maria?

Drumundiana
(Alice Ruiz)

(Paródia do poema “José”, de Carlos Drummond de Andrade.)

e agora Maria?

o amor acabou
a filha casou
o filho mudou
teu homem foi pra vida
que tudo cria
a fantasia
que você sonhou
apagou
à luz do dia

e agora Maria?
vai com as outras
vai viver
com a hipocondria

sábado, 17 de agosto de 2013

rio sem fim...

"Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre —
Esse rio sem fim."

- Fernando Pessoa -

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Marion...


"O tempo cura tudo. Mas o que acontece se o próprio tempo é uma doença? Às vezes, temos que voltar para viver novamente. Para viver basta um olhar...

É engraçado, eu não sinto nada. É o fim e não sei sentir nada. Eu desabituei-me a ter uma má consciência quando não sinto nada, como se a dor não tivesse um passado. Todas as pessoas que eu conheci permanecem e permanecerão em minha memória - ela sempre termina quando está prestes a começar... o que foi belo demais para ser verdade, finalmente...

Quem sou eu? O que me tornei? Na maior parte do tempo sou demasiada consciente para ser triste. Eu esperei uma eternidade para alguém me dizer uma palavra carinhosa, então fui para o exterior a procura de alguém que dissesse: "Hoje eu te amo tanto"... Como seria belo... 

Então, devo levantar a cabeça para o mundo diante dos meus olhos e vê-lo sempre com o coração. 

Quando eu era criança eu queria viver em uma ilha, uma única mulher, poderosamente sozinha. Sim, seria... seria tudo tão vazio, isolado. E a  ansiedade, a angústia seriam como um animal que se perde na floresta.

O que sabe você, eu não sei mais..."


Marion -  "Asas do Desejo" - Wim Wenders

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

... alegria do dia

Achar um texto, depois de duas décadas de procura, e descobrir que o autor é o Walter Benjamin... 

Omelete de amoras

Esta velha história, conto-a aqueles que agora gostariam de experimentar figos ou falerno, o borscht ou uma comida camponesa de carpi. era uma vez um rei que chamava de seu todo poder e todos os tesouros da Terra, mas, apesar disso, não se sentia feliz e se tornava mais melancólico de ano a ano. Então, um dia, mandou chamar seu cozinheiro e lhe disse: – Por muito tempo tens trabalhado para mim com fidelidade e me tens servido a mesa os pratos mais esplêndidos, e tenho por ti afeição. Porém, desejo agora uma última prova de teu talento. Deves me fazer uma omelete de amoras tal qual saboreei há cinquenta anos, em minha mais tenra infância. Naquela época meu pai tratava guerra contra seu perverso vizinho a oriente. Este acabou vencendo e tivemos de fugir. E fugimos, pois, noite e dia, meu pai e eu, até chegarmos a uma floresta escura. Nela vagamos e  estávamos quase a morrer de fome e fadiga, quando por fim, topamos com uma choupana. Aí morava uma vovozinha, que amigavelmente nos convidou a descansar, tendo ela própria, porém, ido se ocupar do fogão, e não muito tempo depois estava a nossa frente a omelete de amoras. Mal tinha levado a boca o primeiro bocado, senti-me maravilhosamente consolado, e uma nova esperança entrou em meu coração. Naqueles dias eu era muito criança e por muito tempo não tornei a pensar no benefício daquela comida deliciosa. Quando mais tarde mandei procurá-la por todo o reino, não se achou nem a velha nem qualquer outra pessoa que soubesse preparar a omelete de amoras. Se cumprires agora este meu último desejo, farei de ti meu genro e herdeiro de meu reino. Mas, se não me contentares, então deverás morrer. – Então o cozinheiro disse: – Majestade, podeis chamar logo o carrasco. Pois, na verdade, conheço o segredo da omelete de amoras e todos os ingredientes, desde o trivial agrião até o nobre tomilho. Sem dúvida, conheço o verso que se deve recitar ao bater os ovos e sei que o batedor feito de madeira de buxo deve ser sempre girado para a direita de modo que não nos tire, por fim, a recompensa de todo o esforço. Contudo, ó rei, terei de morrer. Pois, apesar disso, minha omelete não vos agradará ao paladar. Pois como haveria eu de temperá-la com tudo aquilo que, na época, nela desfrutastes: o perigo da batalha e a vigilância do perseguido, o calor do fogo e a doçura do descanso, o presente exótico e o futuro obscuro. – Assim falou o cozinheiro. O rei, porém, calou um momento e não muito tempo depois desobrigou-o de seu serviço, rico e carregado de presentes.

W. Benjamin, 1930

domingo, 11 de agosto de 2013

... me entrego em palavras...

Estou agora ouvindo o grito ancestral dentro de mim:
parece que não sei quem é mais a criatura,
se eu ou o bicho. E confundo-me toda.
Fico ao que parece com medo de encarar instintos abafados
que diante do bicho sou obrigada a assumir.
(...)
Nada existe de mais difícil que entregar-se ao instante.
Esta dificuldade é dor humana.
É nossa.
Eu me entrego em palavras..."

(Clarice Lispector)

... longeva mente...

O segredo da longevidade...

 ... dizem que o alquimista Saint Germain ainda habita entre nós...



 

O homem que viveu 256 anos 

O chinês Li Ching-Yuen, também conhecido como Li Ching-Yun, possivelmente foi o homem que viveu mais tempo na Terra, chegando aos 256 anos. Ao longo da vida, perdeu 23 esposas e supera de longe a francesa Jeanne Calment que morreu com 122 anos e 164 dias, considerada a pessoa que mais viveu.

Li-Ching era de Qi Jiang Xian, na província de Szechuan, e de acordo com alguns registros, o chinês nasceu em 1677. Sobre a longevidade de Yun, descobriram que ele era um médico especialista em ervas medicinais, mestre de qigong e consultor tático. Dizia que o segredo para uma vida longa é manter o coração calmo, sentar como uma tartaruga, andar alegre como um pombo e dormir como um cão. A frase jamais foi esquecida por Wu Pei-Fu, um senhor da guerra chinês que teve grande influência no país entre 1916 e 1927.

Li despertou a paixão por colher ervas com apenas dez anos. À época, já tinha viajado para Kansu, Tibet, Annam, Sian e Manchúria. Pouco tempo depois, emigrou para Kai Hsien, onde conheceu mestres de renome do taoísmo que lhe ensinaram a alquimia interna, o chi kung e a arte secreta de como usar ervas para se manter saudável e alcançar a longevidade. Na fase adulta, após se tornar um mestre das ervas e das artes marciais, começou a comercializar as plantas que coletava. Com 71 anos, se juntou ao Exército Provincial do comandante Yeuh Jong Chyi, assumindo a função de professor de artes marciais e conselheiro tático.

Em 1933, ao retornar a sua terra natal, Li-Ching morreu de causas naturais, então o general Yang designou uma equipe para investigar o passado do homem. Yeun dizia ter nascido em 1734, ou seja, teria vivido 199 anos. Entretanto, uma equipe de pesquisadores da Universidade Minkuo encontrou registros de que Li nasceu em 1677. As principais provas são os documentos do Governo Imperial Chinês o parabenizando pelos aniversários de 150 e 200 anos. Em depoimentos de pessoas que conheceram Yuen também ficou claro que ele aparentava ter menos de 70 anos.

Investigações confirmaram ainda que Li não consumia bebida alcoólica e nem fumava. Fazia refeições em horários regulares e tomava um suco a base da fruta goji que é abundante em aminoácidos. Entre outros hábitos, o chinês dormia cedo e acordava cedo todos os dias. Nâo passava um dia sem praticar exercícios físicos e também meditava muito, chegando a ficar horas sem se mover, com os olhos fechados e as mãos no colo.

Cientistas explicaram mais tarde que a meditação reduzia o envelhecimento natural do cérebro de Yuen, impedindo o encolhimento cerebral. Trata-se de uma mudança mental que diminui os efeitos do estresse, depressão e ansiedade.

Referências: New York Times, Revista Time e Four Winds E wikipedia
Links sobre o assunto:

wikipedia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Li_Ching_Yuen


http://select.nytimes.com/gst/abstract.html?res=FA0915FE3E5C16738DDDAF0894DD405B838FF1D3

http://www.fourwinds10.net/siterun_data/health/holistic_alternative_medicine/news.php?q=1372441085

Fonte:

 http://portrasmidiamundial.blogspot.com.br/2013/08/o-homem-que-viveu-256-anos.html

sábado, 10 de agosto de 2013

amanhã ser...

Hoje me ponho 
num pôr-de-mim
para amanhã
amanha-ser...

linha do eurizonte

(Alexandre Reis)

... nem sei bem se sou eu quem em mim sente...

Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.
O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.
Nem nunca propriamente reparei
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei
Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.
 (um sentir de Fernando)

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

melódica mente...

Quem não ouve a melodia acha maluco quem dança...

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Bhujangasana...

postura da cobra ou da esfinge no yoga...

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

to be or not to be...

Existo como sou, isso me basta...
(W. Whitman)

a sabedoria nossa de cada dia...

DIEZ CONSEJOS DEL LAMA KALU RINPOCHÉ

1) Busca en tí mismo la fuerza del propósito, la fe en la propia regeneración. Tu divinidad te espera. Esfuérzate en hallarla y actualizarla.

2) Practica en todo momento la religión universal del bien sin distinción de creencias, de clases, de partidos, de intereses, de nacionalidades, de razas, de reinos de la naturaleza.

3) Relega a olvido tus faltas y limitaciones pasadas, para renacer con renovados estímulos a una vida mejor. Entonces, tácitamente serás merecedor de la invisible ayuda.

4) Practica la simpatía y adquiere el hábito del contento a través de todas las circunstancias. Decídete a realizar el leve esfuerzo de prescindir de los pequeños defectos. Lucha con todas tus fuerzas contra la depresión, contra la tristeza, contra el tedio, contra el mal humor. Combate los métodos dominantes de acritud e imponte la condición de ser siempre y con todo el mundo amable.

5) Procura dar todas las facilidades posibles a los demás. Ayúdalos a descubrir su camino más noble y a seguirlo. Haz de la generosidad de pensamiento y acción, tu ley silenciosa.

6) Proponte firmemente no censurar a nadie, ni aún de pensamiento. ¿Qué sabemos de las verdaderas causas de los actos ajenos? Esfuérzate, por el contrario, en comprender.

7) Adopta una divisa solar, de alegría, a todas horas. Entonces, la luz oculta que guía al mundo te la incrementará y te sorprenderán a tí mismo los resultados.

8) Procura no auto-exaltarte ni auto-compadecerte. O sea, no pensar demasiado en tí mismo, si no es con el fín de perfeccionarte.

9) Invoca la armonía como fórmula de salud integral, de equilibirio del cuerpo y del espíritu. Porque la armonía es la ley suprema del Universo.

10) Irradia con humildad tu mensaje viviente de belleza, de espiritualidad y de paz, en un mundo atormentado, materializado, desorientado. El necesita de tu eficaz contribución. Ofrécesela. Ofrécele tu mente positiva, tu cuerpo puro, tu aura armoniosa, tu contentamiento irradiante, tu fe sin límites en la bondad de la vida y en las leyes que conducen a un alto fin, la evolución humana.

Thuk Je Che Tibet.-

Tomado del muro de Alejandra Scigliano, muchas gracias.

https://www.facebook.com/TukJeChe

terça-feira, 6 de agosto de 2013

... desespero em flor

... o ipês de Brasília são o "desespero em flor",
no auge da seca a vida se desespera e explode em beleza...
tornam a cor do dia mais bela
nessa cidade que tem asas...

"A primavera é quando ninguém mais espera
E desespera tudo em flor..."
(Miguel Wisnik)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

domingo, 4 de agosto de 2013

suave mente...

Falar no passado - isso deve ser belo, porque é inútil e faz tanta pena...
Não vale nunca a pena não fazer nada... Bem sei que não valeu a pena... É por isso que o achei belo. Não, minha irmã, nada vale a pena... Nada vale a pena, ó meu amor longínquo, senão o saber como é suave que nada vale a pena.
(O Marinheiro, Fernando Pessoa)

sábado, 3 de agosto de 2013

um Pessoa em mim....

Tão abstrata é a ideia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a ideia do teu ser fica tão rente

Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te tendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.

Fernando Pessoa (1888-1935)

para que a noite seja breve...

... breve mente...

para que o dia seja leve...

flutuar é voar na água...

Clarices...

Minha verdade espantada é que eu sempre estive só de ti e não sabia.
Agora sei: sou só.
Eu e minha liberdade que não sei usar.
Grande responsabilidade da solidão.
Quem não é perdido não conhece a liberdade e não a ama.
Quanto a mim, assumo a minha solidão.
Que às vezes se extasia como diante de fogos de artifício.
Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima
que na solidão pode se tornar dor.
E a dor, silêncio.
Guardo o seu nome em segredo.
Preciso de segredos para viver.
(Clarice)

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

prazer Amelie Poulain do dia...

Hoje escolhi algumas capas da coleção de livros que estou organizando e editando.
Comentário de um de meus colegas: mais um anjo nesse livro e ele vai sair voando, Ariete...

é assim porque é assim...

Talvez a pergunta vazia fosse apenas para que um dia 
alguém não viesse a dizer que ela nem ao menos havia perguntado. 
Por falta de quem lhe respondesse ela mesma parecia se ter respondido:
é assim porque é assim...
Clarice

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

perfumada mente...

Ontem, um querido amigo fez o seguinte comentário sobre este meu blog:

“Arye, seu blog expressa uma poesia tão sensível que parece um perfume. Mas é também tão triste e melancólico... Que passa em sua alma, minha amiga?”

Respondi que não era a primeira vez que associavam esse blog à expressão “perfume”... talvez seja porque os alquimistas sabem os segredos das fórmulas dos perfumes reais e etéreos: lágrimas e orvalhos.

Quando não existiam blogs eu escrevia poemas em cadernos, à mão. Por anos cultivei esse hábito. Joguei-os fora porque hoje a Internet acaba sendo um grande caderno de poesias. Mas lembro-me que folhei alguns antes de lhes dar um destino final. Senti estima por mim mesma. Minha letra era tão bonita. Sempre fui muito “caprichosa”, como dizem na minha terra. E minha temática parece nunca ter mudado: a existência, Deus, os anjos e o amor... tudo sempre perfumado de muita melancolia.

Ano passado comprei um caderno lindo, que tem na capa uma obra do Klimt, para retomar esse meu vício de "poemar" o mundo e talvez até arriscar umas linhas... Ainda não escrevi nada e talvez nunca escreva... Por enquanto fico com a poesia emprestada da Alice, da Clarice, da Florbela e da Hilda Hilst... Desde que aprendi a ler e escrever, a poesia sempre foi a expressão da lágrima minha de cada dia. Assim ensinou Erato à Psiquê a transmutar a dor da alma em perfume de palavras...

Em resumo, querido amigo, a poesia é minha lágrima perfumada de cada dia. Mas é também minha alegria e minha pena... Obrigada pela bela observação.

escrevo à penas...

Razão de ser

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
 
Paulo Leminski