Como me sinto? Como se colocassem dois olhos sobre uma mesa e dissessem a mim, a mim que sou cega: isso é aquilo que vê, essa é a matéria que vê. Toco os dois olhos sobre a mesa, lisos, tépidos ainda, arrancaram há pouco, gelatinosos, mas não vejo o ver. É assim o que sinto tentando materializar na narrativa a convulsão do meu espírito, e desbocada e cruel, manchada de tintas, essas pardas escuras do não saber dizer, tento, amputada, conhecer o passo, cega, conhecer a luz, ausente de braços, tento abraçar.
(Hilda Hilst)
... e sem olhos (as asas
da imaginação), não se pode voar...
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