quarta-feira, 31 de julho de 2013

lua à lua...

Tenho pedido a Deus, e à lua, ontem
Hoje, a cada noite, PERPETUIDADE
Desde o instante em que me soube tua.
E que o luar e o divino perdoassem
O meu rosto anterior, rosto-menino
Travestido de aroma, despudor contente
De sua brevidade em tudo, nos afetos
No fingido amor
Porque fui tudo isso, bruxa, duende
Desengano e desgosto quase sempre.

Mais nada pedi a Deus. Mas pedi mais
À lua: que tu sofresses tanto quanto eu.
Hilda Hilst

o ser, o nada e os sonhos...

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
(uma pessoa)

terça-feira, 30 de julho de 2013

... apenas


dormir e acordar
sem ter uma pena
para sonhar...

segunda-feira, 29 de julho de 2013

... a pena nossa de cada dia...

Cada dia traz sua alegria e sua pena, 
e também sua lição proveitosa.
Saramago

domingo, 28 de julho de 2013

penates...

empate

manes de vates
penas, penates
casas de orates
por que te debates?
magnos carlos
mármores marcos
vênus em martes
nem xeque nem mate


(Toda Poesia - Paulo Leminski)

elevada mente...

mente leve
eleva a mente...

quinta-feira, 25 de julho de 2013

quarta-feira, 24 de julho de 2013

... que falta me faz um xodó...



... mas como eu não tenho ninguém
eu levo a vida assim tão só...

uma poesia incrivelmente bela
e incrivelmente triste...

um anjo me contou que no céu todo mundo tem um xodó, Dominguinhos.

terça-feira, 23 de julho de 2013

leve neve...

Neve ou não neve
onde há amigos
a vida é leve

Esse é para meus amigos de Curitiba, onde até a neve é tímida.
Publicado hoje na página da poetisa curitibana Alice Ruiz.

domingo, 21 de julho de 2013

la farfalla...

“No mistério do Sem-Fim
equilibra-se um planeta.
No planeta, um jardim.
No jardim, um canteiro.
No canteiro, uma violeta.
E na violeta, entre o mistério
do Sem-Fim e o planeta,
a asa de uma borboleta.”
(Cecília Meireles)

... feliz de quem tem um amor...

Prostrado nesta enxerga, sinto a vida
Ir, pouco e pouco, procurando o nada;
Pra mim não há mais sol de madrugada,
Mas sim tremor da luz amortecida.
Prazeres onde estais? Longa avenida
De amores, que trilhei nesta jornada?
Tudo acabou. É justa esta pousada,
Antes que dobre o sino da partida.
Feliz quem tem família! Tem carinho
De mãe, de esposa, e, em derredor do leito,
Não sofre o horror de achar-se tão sozinho.
Porém ao meu destino estou sujeito;
Devo, batendo as asas, sem ter ninho,
Buscar, quem sabe? um mundo mais perfeito...
(Lima Barreto - Clara dos anjos)

terça-feira, 16 de julho de 2013

... pequena...

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor!

(Toda poesia do Leminski)

... um dia...

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras distantes...
- palavras que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo
até não se sabe quando...
- e um dia me acabarei.
(Cecília Meireles)

segunda-feira, 15 de julho de 2013

... dos segredos de Ísis

... iniciando-me na nobre arte dos alquimistas e mestres cervejeiros...

sábado, 13 de julho de 2013

... inverno...

Em memória de W. B. Yeats


Desapareceu no rigor do Inverno:
Os regatos gelados, os aeroportos praticamente desertos,
E a neve desfigurava as estátuas da praça;
O mercúrio afundava-se na boca do dia que morria.
Ó, os instrumentos todos são unânimes,
Que o dia da sua morte foi um frio e escuro dia.

Longe da sua agonia
Corriam os lobos pelas florestas perenes,
O rio da província desdenhava os cais elegantes;
Pelas línguas pesarosas
A morte do poeta furtou-se aos seus poemas.

Mas para ele foi a tarde derradeira de si próprio,
Uma tarde de enfermeiras e rumores;
As províncias do seu corpo em revolta,
Os setores do seu cérebro esvaziados,
O silêncio invadiu os subúrbios,
Estancou a torrente do seu sentir; tornou-se nos seus admiradores.

Agora está disperso por centenas de cidades,
E de todo entregue aos afetos alheios;
Para achar a felicidade num outro tipo de bosque
E sofrer o castigo de um código de consciência estrangeiro.
As palavras de um morto
Modificam-se nas entranhas dos vivos.

Mas na importância e no ruído de amanhã
Quando os corretores rugirem como feras no salão da Bolsa,
E os pobres padecerem dos martírios a que já se habituaram,
E cada um na cela de si mesmo quase se convencer da sua liberdade;
Uns parcos milhares pensarão neste dia
Como se pensa num dia em que se fez algo um tanto invulgar.
Ó, os instrumentos todos são unânimes
Que o dia da sua morte foi um escuro e frio dia.

2

Foste tonto como nós; a tudo sobreviveu o teu talento;
À paróquia das ricas senhoras, à decadência física,
A ti mesmo; a louca Irlanda feriu-te para a poesia.
Agora a Irlanda tem ainda a sua loucura, a sua temperatura,
Porque a poesia não faz acontecer nada: sobrevive
No vale do seu dizer, onde os executivos
Não gostariam nunca de lavrar; corre para Sul
Das herdades isoladas e das mágoas agitadas,
Rudes cidades em que acreditamos e morremos; sobrevive
Uma forma de acontecer, uma boca.

3

Recebe, ó terra, um hóspede honrado;
William Yeats jaz descansado:
Que repouse a vasilha vazia
Deste irlandês sem a sua poesia.

O tempo que é intolerante
Para com os bravos e inocentes,
E numa semana indiferente
Ao físico mais elegante,

Venera a linguagem e perdoa
Todos os que ela povoa;
Perdoa a vaidade e a cobardia,
E aos seus pés faz cortesia.

O tempo, que com tal justificação
Perdoou de Kipling a opinião,
E perdoará a Paul Claudel,
Perdoa-lhe a ele pela escrita fiel.

No pesadelo do breu
Ladram os cães europeus,
E aguardam as nações vivas,
Pelos seus ódios cativas.

A desgraça intelectual
No rosto humano é geral,
E há oceanos de pesar
Trancados e pétreos no olhar.

Vai, poeta, segue afoito
Até ao fundo da noite,
Com teu canto livrador
Traz-nos ainda o esplendor.

Com um verso bem arado
Faz vinha deste mau fado,
Canta o humano insucesso
Num arroubo de possesso.

Que nos regue o coração
A fonte da regeneração,
E ao homem, preso em seus dias,
Dá-lhe um canto de alforria.

In.: http://antoniocicero.blogspot.com.br/

Hung Vajra Peh...

No princípio era o Verbo. E o Verbo estava com Deus. E o verbo era Deus.
- João 1:1

Da palavra expressa dependem todos os Deuses, todos os animais e todos os homens, na palavra vivem as criaturas... A palavra é o imperecível, o primogênito da lei eterna, a mãe dos Vedas, o umbigo do mundo divino.
- Taittiriya Brahmana

A fala dos homens não consegue chegar até os Deuses... Para falar com Eles, é preciso usar a linguagem que lhes é própria... E que é feita de sons, não de palavras... Essa linguagem, ou encanatamento dos mantras, é o agente mais eficaz e a chave mais importante para abrir o canal de comunicação entre os Mortais e os Imortais. 
- H.P.Blavatsky, A Doutrina Secreta, Ed. Pensamento.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

... condenada ao céu...

cair é voar
por um instante...


lá embaixo
vai ter 
o que eu acho...
(Leminski)

quarta-feira, 10 de julho de 2013

terça-feira, 9 de julho de 2013

asas e azares...

Voar com a asa ferida?
Abram alas quando eu falo.
Que mais foi que fiz na vida?
Fiz, pequeno, quando o tempo
estava todo ao meu lado
e o que se chama passado,
passatempo, pesadelo,
só me existia nos livros.
Fiz, depois, dono de mim,
quando tive que escolher
entre um abismo, o começo,
e essa história sem fim.
Asa ferida, asa ferida,
meu espaço, meu herói.
A asa arde. Voar, isso não dói...
(Toda a poesia do Leminski)

segunda-feira, 8 de julho de 2013

domingo, 7 de julho de 2013

meu anjo Gabriel...

Sempre fui enamorada desse filme... de Berlim, dos anjos, do Lou Reed, do Nick Cave...
De tanto contemplar o mundo wenderiano acabei gerando um filho anjo que é igualzinho ao Nick Cave e que também é músico. 
Ontem ele tocou e cantou com a banda dele num festival universitário: os amigos hoje estavam elogiando a versão punk de Toxic da Britney (e ainda por cima ele é sarcástico e tem presença de espírito)...
Hoje ele completa 18 anos!
Minha mestra Joana sempre dizia: Arye, a gente tem os filhos que a gente quer ter e os amores que merecemos ser...
Obrigada por ter me escolhido para sua sua mãe nessa existência, Gabe... 
"Adivinhe o quanto eu te amo: daqui até o fim do universo ida e volta."

sábado, 6 de julho de 2013

sublimação...

Sublimação é um dos processos alquímicos mais importantes no magistério da grande obra. 
Significa transmutar a matéria grosseira em matéria sutil... 

"Tu separarás a terra do fogo e o sutil do espesso, docemente com grande desvelo, pois ele ascende da terra e descende do céu. E recebe a força das coisas superiores e das coisas inferiores. Tu terás por esse meio a glória do mundo e toda a obscuridade fugirá de ti..."
(Tábua de Esmeralda - Hermes)

pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando...
(Leminski) 

sexta-feira, 5 de julho de 2013

passo mudo...

Penso e Passo

Quando penso que uma palavra
Pode mudar tudo
Não fico mudo
Mudo.

Quando penso que um passo
Descobre o mundo
Não paro o passo
Passo.

E assim que passo e mudo
Um novo mundo nasce
Na palavra que penso.

Alice Ruiz

quarta-feira, 3 de julho de 2013

... vaidade...

por que os anjos caem?

... que nenhuma pena seja eterna...

tão leve que sou,
sou apenas a lembrança
de um fugaz momento,
(de)mente,
talvez já tenha sido
até um pensamento...
ciente,
e mesmo que haja
a Mente eterna
que eu de tão leve
não seja:
uma eterna mente...

... you're just another song...

"It's Not My Fault I'm Happy"
(Erato)

Sorry I couldn't be there, I was tied to a rocking chair
I was beat down to a pulp rocking back and forth somewhere
If you knew, if you saw, you'd have said it was the final straw
That my life was bound and tethered on a porch by the shore

But there is no no no no
easy way to tell them so, the things you know
And run run run run
Run they say, they think they know exactly so

It's not right, it's not right
How am I the only one who sees us fight?
What are we? Who are they?
Who says those bastards don't deserve to pay?
Well it's enough, it's just enough 'cause we don't stand a chance
So long you stay around, you're just another song and dance
It's not fair, it's not fair, it's not fair, it's not fair
Still I'm the only one who seems to care

It's funny that being funny makes you feel like up and running
When your past lingers like rain clouds, casting shadows below
I could live with so many burns, I take all your hope and yearning
But there's no one I want to take me for that petty little rose

I used to glow glow glow glow
Once I had a love to show, a love they know
They're slow slow slow slow
So slow that they never know where I go


It's not right, it's not right
How am I the only one who sees us fight?
What are we? Who are they?
Who says those bastards don't deserve to pay?
Well it's enough, it's just enough 'cause we don't stand a chance
So long you stay around, you're just another song and dance
It's not fair, it's not fair, it's not fair, it's not fair
Still I'm the only one who seems to care

I know that it's only something
I'm just working with what I've been given
It's not my fault, I'm happy
Don't call me crazy, I'm happy

It's not right, it's not right
How am I the only one who sees us fight?
What are we? Who are they?
Who says those bastards don't deserve to pay?
Well it's enough, it's just enough 'cause we don't stand a chance
So long you stay around, you're just another song and dance
It's not fair, it's not fair, it's not fair, it's not fair
Still I'm the only one who seems to care

terça-feira, 2 de julho de 2013

... tão leve, que o tempo nunca leve...

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...
(Quintana)

segunda-feira, 1 de julho de 2013