quinta-feira, 9 de abril de 2009

Transmutação do sabor...

Toda a matéria na natureza passa pelo processo de maturação. Tudo nasce, se desenvolve, cresce, envelhece e morre. A matéria morta se decompõe e vira novamente outra matéria. Pensemos numa semente que germina, cresce, vira uma árvore que dá folhas e frutos. Ao seu tempo de maturação, as folhas e os frutos caem e apodrecem (se não forem colhidos e comidos, é claro), retornam à terra, se decompõem e viram adubo, alimentando a terra para que novas sementes ali possam germinar. Essa é a ação da natureza que para cada ser ou coisa existente, tem o seu tempo de maturação.

Ao observar os ciclos naturais, pode-se por meio da alquimia se acelerar o processo de maturação da matéria transmutando-a. Transmutar significa transformar a matéria que se encontra num estado, noutra coisa (de mesma natureza, é claro). Os alimentos que comemos passam por esse processo. Podemos cozinhá-los, assá-los, fritá-los, defumá-los, ou apenas maturá-los. Um peixe assado, frito, ou cozido, ainda continua a ser um peixe, embora em estado modificado pela ação do fogo. O fogo é um dos principais elementos usados pelos alquimistas, pois ele matura a matéria. O vinho e o queijo no entanto, sofrem um processo diferente. O queijo é o leite amadurecido e depois putrefato. Sim o queijo é leite em estado alterado e em processo de decomposição de bactérias e fungos. O tipo de fungo presente no queijo é o que dá a qualidade do queijo. O saboroso queijo gorgonzola por exemplo, é produto da ação de determinados fungos (aquela coisa verde) na maturação.

Um cozinheiro portanto, é um alquimista!!!! Ele tem o poder mágico de transformar uma simples abóbora num grande banquete. A alquimia de um prato é o que o torna tão especial. No filme “Como água para chocolate” é explorado a magia da comida de uma cozinheira. Os sabores de seus pratos acompanham os seus estados de humores, os quais interferem no gosto da comida. E qual será o segredo do feijãozinho da mamãe? A resposta já conhecida de todos: o amor.

Se o estado de espírito do cozinheiro influencia no sabor da comida, como ficam os alimentos industrializados ou feitos pelos “Mac qualquer coisa” da vida. A resposta também já é conhecida...

Em homenagem aos alquimistas da cozinha que cercam a minha existência darei duas receitas mágicas: da Déia e do Rafa.

Receita para ser feliz à moda da madrinha

Ingredientes:

  • 1 punhado de paixão do padrinho;
  • 6 rodelas de amor de irmãos;
  • 6 colheres de carinho dos sobrinhos;
  • 1 xícara de sorriso;
  • 70 gramas de amor de pai;
  • 3 pitadas de obediência do cachorro;
  • 4 fatias de respeito e atenção dos alunos;
  • 21 gramas de admiração dos amigos;
  • 1 gostosa dica do livro da Dona Benta;
  • 6 xícaras de alegria dos afilhados;
  • 1 pitadinha de irmãzinha nova;
  • Passeios de moto à gosto;
  • Para rechear: muita sorte de quem nasceu no dia dos namorados;
  • E boas lembranças para polvilhar.

Modo de fazer:

Numa panela, misture todos os ingredientes até obter uma massa colorida e “amorgênea” e deixe crescer, crescer, crescer bem feliz. Aquecer com cobertor quentinho, pipocas mágicas e filminhos divertidos. Cobrir com beijos adocicados da madrinha e pronto!!!


Pão de Eros:

Ingredientes:

1 kg de farinha de trigo comum;

200 g de farinha de trigo integral grossa;

35 g de fermento natural;

800 g de água da fonte;

30 g de sal;

230 g de nozes;

amor à vontade;

Modo fazer:

Misturar os ingredientes secos, adicionar a água e o fermento, e amassar. Depois que a massa estiver pronta, acrescentar as nozes. Assar em forno pré-aquecido 250º C por 1 hora.


Um comentário:

  1. Descobri hoje este blog tão interessante. O nome chamou-me a atenção porque desde há muito que tenho uma paixão pela alquimia. Sou químico (engenheiro químico), mas gostaria de ter sido alquimista, não na actualidade, mas sim no tempo em que o mistério existia e a Química não tinha começado a dar os primeiros passos como ciência. Comecei muito novo (e já sou velho) a ler livros sobre alquimia. Agora compro mais livros sobre ciência, mas conservo nas minhas estantes os livros alquímicos, que por vezes ainda folheio, apesar de me considerar agora um positivista.

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