quarta-feira, 15 de abril de 2009

Brincando de ser Deus...


"Naquele dia, por acaso, João fez uma coisa não muito comum: pegou o jornal que seu pai havia deixado num canto e começou a folheá-lo; de repente, viu uma foto que o deixou chocado: sobre uma placa de vidro num laboratório havia um ratinho. Mas um ratinho muito esquisito: em suas costas, havia uma enorme orelha humana! João curtia filmes de ficção, daqueles cheios de efeitos especiais, com criaturas horrendas e muita gosma escorrendo. Mas uma coisa é você se divertir com a idéia fantasiosa de algo nojento; outra, muito diferente, é você ver o resultado de uma experiência estranha, e que você sabe que é verdade. Pelo resto daquele dia, e em muitos dias seguintes, João não conseguiu deixar de pensar naquilo. Quais seriam os limites para a ação do homem? Será que agora ele havia começado a pensar que é Deus?"

Quando uma atividade humana provoca discussões a respeito de ser moralmente boa ou ruim, estamos falando de ética. De um modo geral, não se costuma avaliar cada atividade desenvolvida pelo homem sob esse ponto de vista, pois a sociedade já estabeleceu os parâmetros do bem e do mal para a maioria de suas esferas. Por exemplo, roubar é considerado um mal, enquanto que ações beneficentes são um bem. Mas a ciência, no entanto, está levantando, com suas descobertas, uma série de questões que precisam ser eticamente avaliadas, exatamente por serem decisões que a raça humana nunca se deparou antes. Com o avanço da engenharia genética, um novo desafio ético se nos apresenta. A esse respeito, devemos refletir se pais têm direito de abortar um filho, caso este não corresponda às expectativas físicas e psicológicas desejadas; se é correto criar clones de pessoas para utilização de seus órgãos; se é aceitável clonar-se a si próprio ou um filho que já morreu. São muitos os prós e os contras dos argumentos dessa questão, a qual traz consequências dramáticas para as práticas sociais de um futuro bastante próximo.

Mas por que alguns desejariam clonar seres humanos?

A clonagem é possível em diversas espécies. Dolly é uma realidade. E estamos cada vez mais próximos da clonagem humana. As razões apresentadas até hoje para essa ação são as mais variadas, as quais vão desde a produção de doadores de órgãos, à fabricação de exércitos de indivíduos "superiores". Loucura?!... Nem tanto. Talvez a idéia da criação de um exército de humanos superiores, hoje seja uma fantasia, mas já fez parte de ideologias bizarras reminiscentes da ariosofia. Na literatura, no clássico Admirável Mundo Novo, Adolus Huxley também concebeu uma sociadade nesses moldes.

Atualmente a prática do plantio de alimentos transgênicos têm suscitado debates fervorosos, pois não há pesquisas suficientes sobre os efeitos do consumo pelos seres humanos. Já os animais criados artificialmente não têm sido economicamente interessantes, pois são mal-formados e parecem não ser tão saudáveis quanto se imaginava. No entanto, daqui há alguns anos, as técnicas poderão se aprimorar o suficiente para viabilizar comercialmente esses empreendimentos, bem como as idéias fantasiosas de exércitos de homens geneticamente superiores. Mas pensemos o que seria esse conceito de "superior": Mozart ou Hitler?! Dependendo do ponto de vista, relativiza-se essa discussão. Na verdade, a questão a ser colocada é se devemos permitir a criação de uma raça humana como gados programados e geneticamente selecionados.

Outra razão absolutamente fantasiosa para a justificativa da clonagem de seres humanos está inscrita na vaidosa frase "eu quero ser jovem para sempre". Essa busca atualmente se reflete nas milhares de cirurgias "puxa daqui, puxa dali", feitas por muitas pessoas da nossa sociedade. Há quem acredite que se vier a morrer por acidente, doença ou velhice, e seja clonado, poderá recomeçar a sua vida de novo, e, se fizer isso sucessivamente poderá atingir a vida eterna!... Hum... Vejamos o que acontece com os clones naturais, os gêmeos univitelinos. Cada um desses indivíduos, embora com mesma bagagem genética e cultural, possui uma consciência própria e experiências individualizadas. Portanto, são indivíduos diferentes! Um clone não pode herdar o conhecimento e a experiência da sua matriz, pois estes fatores não estão inscritos no genoma humano.

E finalmente uma outra razão a se discutir, é que algumas pessoas vêem na clonagem a possibilidade de reaver um ente querido falecido. A partir de poucas células desse indivíduo poder-se-ia (em teoria), ressuscitá-lo!!! Por mais absurdo que essa idéia possa parecer, pensemos na dor de pais que perdem um filho amado. A eles possivelmente, é quase irresistível a idéia de driblar a inevitável irreversibilidade da morte e recomeçar a vida do filho. É a idéia explorada pela terrível história de Stephen King "Cemitério Maldito"... Triste, mas compreensível.

Queiramos nós ou não, a clonagem já acontece em pesquisas oficiais e clandestinas. A única coisa que nos resta é debater a questão ética que envolve o assunto, para que assim se possam regulamentar as pesquisas e instituir os limites da ação humana na criação. Mas por que esse é um assunto importante para a sociedade? É importante porque infelizmente o homem tem usado a ciência para matar, dominar, submeter e lucrar, ou os governos não teriam investido milhões de dólares na construção de bombas nucleares... (assunto que será discutido um outro dia).

O outro lado dessa história, é que apesar da ciência ser usada por alguns para a morte e para o mal, outros a utilizam em benefício da humanidade. O computador, por exemplo, permite às pessoas o acesso à informação como jamais foi imaginado até então. A agricultura tem superado as previsões de fomes mundiais em decorrência da superpopulação. A fissão do átomo é uma alternativa de energia limpa. E as células troncos são a esperança de cura para muita gente.
Penso eu que a ciência está a serviço da humanidade, e é assim que ela deve ser concebida.

2 comentários:

  1. ver os jornais televisíveis tratando de casos semelhantes, fico estonteado e perplexo, com que as pessoas em pleno seculo 21 ainda não se deu conta que o ser humano só tem esperança de vida se for por meio da ciência, pois os dogmas religiosos só tem feito e trazido guerras terrorismo, e mortte

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  2. fico pé da vida com estes assuntos, é brincadeira que aja tanta ignorância no mundo. estamos no seculo 21 mas a maioria das pessoas ainda vive num período medieval. os dogmas religiosos só trouxe ate hoje morte e genocídio para a raça humana. conceitos pre estabelecidos por uma minoria de mentes fracas que usam covardemente para as maças ignorantes as ilusões de um paraíso e uma vida eterna em outro mundo.
    fazendo com quer os éguas se desgraçam em nome de um deus inventado dizendo estar matando por amor a ele. a ciência só a ciência em sua sã consciência pode e pode acrescentar um dia a mais na vida do homem. .

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