sábado, 31 de agosto de 2013

... fulô de fogo

Fulô de Fogo
(Thaís Marino)

Ai, fulô de fogo
que não cansa,
que alcança
a altura do Sol,
a aguda caminhadura
em direção
ao céu, azul-terrestre
que me amanhece
em pomo...

Ah, fulô de fogo,
que desespero
é esse, que assombro,
tapete amarelo
que se tece de amor em mel...

Fulozinha de meu peito,
e o amor não tem jeito,
ele se dá... E em cacho...

É derramar-se em ardor,
é o derradeiro abraço -
quando eu me flor
não me chore nem me queira
de outra forma
que não aquela
de nossa primeira primavera,
quando ainda estávamos
debaixo da terra
sem conhecer um ao outro
a não ser desejando
um outro caminho,
menos duro, ou então,
nascer da madeira, do bruto,
preciosa e leve veste
que enternece até o
coração mais duro...
Por dentro da dor,
do ombro cansado,
do pesado fardo que carregamos
por tantos anos,
por dentro da carne
encouraçada, da casca,
a viva seiva escorre
e do seu caule
e do seu torso
e do seu rosto
e de tudo - eu
mostro-me, entendo-me,
ó desespero em flor
que é céu e ventre,
fulô de fogo
que nos aplaca a sede,
ó cálice transbordante
transcendente...

Eu te quero
como florada,
ardente e puro,
pra sempre único,
eterno e fulgáz,
flor de fogo
que me leva e traz
de outros mundos
para outros mundos...

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