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Quem jóia possuir de precioso afeto,
Esconda-a com carinho e infinitos cuidados;
Tenha-na num cofre de ouro... O desejo inquieto
Envolve de bruxedo os jardins encantados.
Velhos magos caldeus abriam com lavôres
Famosos talismãs em ágatas reais;
São hoje talismãs liras de trovadores,
Mas, há liras também que são fontes letais...
Mercúrio, o caduceu às mãos, febril corria
Do zoodíaco azul os brilhantes roteiros...
Na torre do alquimista o arco-íris rompia,
Coroando o atanor cambiantes luzeiros.
A ciência do céu e a ciência das normas
Andavam no saber de astrólogos videntes;
O alquimista estudava o mistério das formas,
O mago alimentava a esperança dos crentes.
De Hermes e de Afrodite era a fusão perfeita,
Corpo e alma, a canção da Matéria e da Essência;
Eros adormecia ao seio da alma eleita,
À fronte de Psiquê brilhava a Inteligência.
Nos arcanos do ser pairava algo sublime,
Limbo de aspirações transmutadas em luz;
A cimba do desejo era um berço de vime,
Boiando, como um sol, entre lótus azuis.
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(Dario Vellozo - Obras Completas III, p. 175.)