A origem da expressão “Alquimia” parece ser um tanto obscura. Muitos concordam que o prefixo “Al”, que funciona como artigo, pode ter vindo do árabe. Lembremos do domínio árabe na Europa a partir do século VIII. Foram eles os grandes responsáveis pela divulgação dos textos alquímicos entre os ocidentais. “Quimia” por outro lado, parece ter outras possibilidades de origem. Pode ter origem chinesa e mesmo egípcia, onde “chimia” significa terra negra. Em grego encontramos “chyma” (fundição de metais) e “chymos” (humor). A palavra pode ter também relação com “Can”, filho de Noé, que teria salvo os conhecimentos pré-diluvianos. Outra referência é “Chema”, anjo caído mencionado nos Apócrifos, que teria transmitido aos homens a arte da Alquimia. E ainda, “Al Chama”, pesquisado por intermédio do fogo, em árabe.
Num antigo texto helenístico referente à alquimia intitulado A Profetisa Ísis para seu filho, Ísis revela como obteve de um anjo, que a desejava, o grande segredo da técnica egípcia da alquimia. Esse encontro aconteceu num momento favorável da posição dos astros no céu: o Kairos, o "momento favorável", que domina um dos aspectos da alquimia. É a relação entre o macrocosmo e microcosmo. O anjo lhe revelou não somente receitas mágicas para a obtenção do ouro alquímico; mas também, a necessidade da união dos opostos para consegui-lo, no momento favorável; o que é expresso pela exortação final de Ísis a seu filho Osíris: “De modo que tu és eu e eu sou tu”.
Mas quem eram os alquimistas?
Seguramente eram pesquisadores! Um castelo distante, um laboratório escuro, cheio de engenhocas, a parafernália de tubos de ensaio, líquidos coloridos, pinças, assopradores, balança, cadinhos, potes de louça, substâncias estranhas, fervuras, cheiros, restos mortais de animais e de plantas compõem a imagem consagrada do alquimista, imagem esta que se funde à imagem do mago e do cientista e que parece se confundir no labirinto dos tempos. O mago, o alquimista e o cientista, na verdade são variações da mesma intenção científica. Embora, variem suas filosofias, suas verdades, seus objetos, suas convicções e seus contextos históricos. Mas a princípio eles retratam o pesquisador, interessado pela natureza em seus tempos e contextos.
A observação da natureza demonstra que na natura tudo é cíclico. Tudo obedece a estágios de existência e maturação. Da lagarta que se metamorfoseia em borboleta à uva, que vira vinho, que vira vinagre. Tudo se transforma naturalmente. Porém, tudo, inclusive a natureza, está submetida ao tempo. Tudo tem seu tempo de maturação. Nesse sentido, os alquimistas acreditavam que seria possível ao homem “acelarar” esses processos naturais de maturação por meio de uma intervenção que, manipulando os estágios, o conhecer e fazer, conseguir-se-ia transmutar a matéria. A transmutação, portanto, é a “aceleração” dos processos naturais da matéria, a partir da idéia hermética de um modelo de explicação da natureza, de que tudo vem de uma única matéria, uma matéria prima. Ao seguir a natureza, por meio das ciências naturais, a Alquimia poderia assim imitá-la e dominá-la.